Atravessa a cidade para voltar pra aquele apartamento apertado,
com metade da mobília faltando e a pintura já meio desgastada. Pensa na
bagunça, na pia da cozinha cheia de louças sujas, nas sujeiras e bagunças
feitas pelo cachorro a esperar. Está cansada demais, um daqueles dias
infernais. O rádio do carro narra um jogo qualquer de futebol, mas o trânsito
parece estar congelado. Ela espera, se irrita, cantarola uma música aleatoriamente,
dirige, pega atalhos. Mas simplesmente não importa o trânsito, a bagunça do
cachorro ou as roupas espalhadas pela casa. Até mesmo não importa os olhares
feios e sem discrição da vizinha do andar de baixo que parece sempre esperá-la
na janela. O que importa é que quando ela abrir a porta daquele apartamento não
tão novo assim, ela se sentirá em casa. E ela encontrará aqueles braços calmos
pra confortá-la de novo. E o cachorro bagunceiro lhe dará a melhor recepção que
alguém pode receber. E ela beijará aqueles lábios e saberá que tudo sempre
valeu a pena, que não há mais o que temer.
Não existe sensação melhor do que saber que no fim do dia, existe um cantinho, mesmo que imperfeito, do qual nos fará sentir em casa. Um abrigo, um refúgio, é sempre bom! Adorei teu texto.
ResponderExcluirTalvez todos nós procuremos por isso. Obrigada. (:
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